Cacaicultores do sul da Bahia divulgaram manifesto no qual chamam a atenção da população a respeito da importação de cacau oriundo do continente africano, o que constituiria, risco para a segurança da lavoura baiana.

O navio com carga de cacau africano se encontra ancorado no porto de Ilhéus neste período de carnaval.

Confira o manifesto na íntegra:

A ANPC- Associação Nacional dos Produtores de Cacau convoca os produtores de cacau da região sul da Bahia, para um ato de mobilização em protesto à importação de cacau africano, que está chegando ao Brasil sem controle sanitário, fruto da IN125. Uma instrução normativa que permite a entrada de cacau sem a utilização da substância Brometo de Metila, única comprovadamente eficaz, no combate a pragas quarentenárias como Phytophthora megakarya e Striga spp, doenças presentes em território africano.

Desde junho do ano passado a associação vem mobilizando o setor cacaueiro, políticos, Ministérios Públicos, e sociedade civil, em busca da revogação da IN125. Com medidas pacíficas e baseadas em fundamentações de pesquisadores renomados em fitopatologia, a associação entende que agora é o momento do setor cacaueiro mostrar força.

“Nosso setor produz renda, gera economia. Nós estamos com 93 cidades baianas que produzem cacau, a produção de cacau está sendo crescente, nós estamos nos recuperando agora, do problema da vassoura de bruxa que aconteceu em 90. Nós precisamos manifestar este grito”, disse Vanuza Barroso, presidente da ANPC.

“A ANPC surgiu da necessidade de organização do setor. Nós produtores de cacau somos muito sofridos, estamos muito carentes de uma representação de verdade que fale e que grite pelo produtor de cacau. Nós estamos pedindo socorro”.

Em menos de 2 meses esta é a segunda carga africana que chega ao Brasil para abastecer a indústria. No dia 29 de dezembro do ano passado, o Brasil importou mais de 13 mil ton de cacau da Costa do Marfim, e agora aguarda o cargueiro Pichon, com bandeira de Singapura, que deixou o porto de San Pedro na Costa do Marfim, em meados de janeiro, onde foi abastecido com mais 10 mil toneladas de cacau, a pedido da indústria moageira que está instalada em solo brasileiro.

Além do risco fitossanitário, oriundo da importação do cacau sob os moldes da IN 125, um segundo ponto, que fundamenta a manifestação dos produtores, está nos dados da indústria, que vem alegando insuficiência nacional em produção de cacau, para justificar a excessiva compra de amêndoas africanas. “Nós também contestamos a fala da indústria que alega que nós não temos produção interna suficiente para atender a sua demanda. Esta informação contradiz os dados do IBGE, que apresentou números de 2021 confirmando que a produção nacional foi de 302.157 mil ton de cacau, enquanto a indústria apresentou capacidade para moer 275 mil ton de cacau, mas só moeu de 220 mil a 230 mil ton. Ou seja, as contas não batem. Se temos mais cacau sendo produzido no Brasil do que necessita a indústria, porque ela necessita importar cacau africano? A única explicação que nós temos é que a indústria faz isso para se beneficiar, porque com o estoque alto ela consegue controlar o preço interno”, informou a presidente da ANPC convocando os pequenos, médios e grandes produtores da região cacaueira para entrarem em contato com a associação e apoiarem o manifesto que dará validação a luta do setor perante as autoridades.

“ Contamos com você produtor, que reconhece a importância desta luta, que precisa de segurança fitossanitária em sua lavoura, que não está conformado com o preço do cacau, que precisa de mais valor e reconhecimento das autoridades e nao quer mais se submeter às regras e preços impostos pela indústria. Junte-se a nós e venha fortalecer este movimento”.

Com informações Ipiaú online.

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